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Corpo livre: infância negra e a alegria de ocupar espaços esportivos

  • Foto do escritor: Alma Mater Cosméticos
    Alma Mater Cosméticos
  • 30 de out.
  • 5 min de leitura
Infância negra: crianças jogam futebol no gramado

Potência em movimento: esporte e dança na infância negra


O corpo que aprende, sente e sonha na infância negra

Quando uma criança negra corre, dança, pula ou gira, há mais acontecendo do que apenas movimento. Há ali uma história que se liberta, a do corpo que, por séculos, foi silenciado, contido, disciplinado. Hoje, cada passo, cada ginga e cada mergulho é também um ato de existência e celebração.


E é bonito perceber que o esporte e a dança não são apenas práticas físicas, mas territórios de potência, saúde e autoestima. Lugares onde meninas e meninos negros aprendem que seu corpo não é problema. É poesia.


Quando vejo uma menina rodando a saia no samba de roda ou um menino gingando na capoeira, lembro que ali há mais do que brincadeira: há herança, força e liberdade. Esses gestos contam uma história antiga, feita de ritmo e resistência, que atravessa o tempo e continua viva em cada criança que ousa ocupar o espaço com o próprio corpo.


Movimento é identidade: o corpo como território

O corpo da criança negra carrega memórias que não são apenas biológicas, mas culturais. É por meio do corpo que ela experimenta o mundo e, muitas vezes, também o racismo.


A pesquisadora Nilma Lino Gomes, referência em educação e relações étnico-raciais, escreveu:


“O corpo negro e o cabelo crespo, muitas vezes, são os primeiros alvos de discriminação no espaço escolar, produzindo marcas na identidade da criança negra.”(Educação & Pesquisa, USP, 2003)


Mas o mesmo corpo que é alvo de preconceito pode ser também território de potência. Nas aulas de capoeira, nas danças afro e nas brincadeiras de roda, as crianças aprendem a reconhecer seus próprios gestos como belos, legítimos e dignos. É o corpo dizendo: eu existo, eu pertenço, eu tenho ritmo e história.”


O esporte como lugar de pertencimento

O esporte é uma das linguagens universais da infância. Mas, para muitas crianças negras, ele é também uma porta de entrada para o reconhecimento de suas próprias capacidades.


De projetos comunitários a grandes quadras, o corpo negro tem escrito algumas das páginas mais inspiradoras do esporte brasileiro e isso precisa ser contado às nossas crianças.


Segundo o Estudo de Coorte de Nascimentos de Pelotas (UFPel, 2025), crianças pretas e pardas apresentam níveis mais altos de atividade física espontânea do que crianças brancas desde os dois anos de idade (PMC, 2025).Ou seja: há vitalidade, movimento e energia nas infâncias negras, o que falta é oportunidade e incentivo.


No Rio de Janeiro, o Instituto Mangueira do Futuro forma atletas e cidadãos há mais de 20 anos, em modalidades como atletismo, natação, judô e dança. Em Salvador, o Projeto Capoeiragem Mirim oferece aulas gratuitas de capoeira para crianças da rede pública, com apoio da Lei de Incentivo ao Esporte.


“A capoeira é, acima de tudo, uma ferramenta de transformação. Incentivamos disciplina, respeito e protagonismo.” Mestre Balão, fundador do projeto.


Essas experiências mostram que o esporte é, antes de tudo, um espaço de autoestima e pertencimento. Quando uma menina negra veste o uniforme, amarra o tênis e pisa na quadra, ela diz ao mundo:


“Meu corpo tem força, graça e direito de ocupar todos os espaços.”


Do campinho à quadra: o corpo que sonha

Os nomes de Pelé, Marta, Daiane dos Santos e Rebeca Andrade não são apenas ídolos. Eles são espelhos que devolvem às crianças negras o direito de sonhar. São a prova viva de que o corpo negro pode ser arte, leveza, estratégia e inteligência, tudo ao mesmo tempo.


Mas o que faz diferença não é apenas ver esses nomes na TV. É poder vivenciar, desde pequeno, o prazer de se movimentar livremente. O futebol da rua, a amarelinha no pátio, a dança no quintal, tudo isso é treino e expressão que alimentam a alma.


A infância negra, quando é incentivada a se mover, aprende cedo o valor do corpo como instrumento de alegria e não como alvo de julgamento. E, convenhamos, não há nada mais bonito que uma criança negra correndo sem medo.


infância negra: meninas jogam capoeira o terreiro

Capoeira e ancestralidade: o corpo que conta histórias

Poucas práticas reúnem tanta história, ritmo e liberdade quanto a capoeira. Criada pelos povos africanos escravizados no Brasil, foi arma de luta disfarçada de dança e hoje é Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade (UNESCO, 2014).


No projeto Tribo Mirim, em São Paulo, as crianças aprendem a jogar capoeira, tocar instrumentos e cantar ladainhas que falam de liberdade.


“Cada ginga é uma história contada. Cada canto é um pedaço da África que não se apaga.” Mestre Bico Duro, coordenador do grupo


Em roda, as crianças negras aprendem que seu corpo carrega memória e futuro e que a liberdade pode dançar.


Leia também:


Dança e expressão: o corpo que floresce

Se o esporte fortalece o corpo, a dança liberta a alma. E, para muitas meninas e meninos negros, o movimento é também um modo de existir com alegria.


A artista e professora Denise Carrascosa, criadora do projeto Corpos Indóceis e Mentes Livres (UFBA), resume lindamente:


“Dançar é uma forma de conhecimento, uma maneira de reescrever a própria história com o corpo.”


Em São Paulo, o coreógrafo Ismael Ivo, ex-diretor do Balé da Cidade de São Paulo e criador do Festival de Dança mPulsTanz em Viena, abriu caminho para centenas de jovens negros encontrarem na dança uma forma de protagonismo e afirmação estética.


Essas iniciativas têm algo em comum: mostram que o corpo negro pode ocupar todos os palcos, do barracão à ópera, com a mesma dignidade.


Brincar também é movimento

Nem todo esporte precisa de medalha. Correr na chuva (em lugares onde isso não representa risco à saúde), brincar de elástico, pular corda, dançar no espelho, tudo isso é movimento.


A infância negra precisa desses espaços lúdicos para experimentar o corpo com prazer, e não com vigilância. O brincar é também um exercício de liberdade.


"Criar uma comunidade de mães negras é criar um espaço de acolhimento e empoderamento, onde cuidar de si e dos filhos é também um ato político.” Thais Lopes, fundadora da Mães Negras do Brasil


Queridas mães, pais e cuidadores: incentivem o movimento. Ajudem suas crianças a correrem, girarem, dançarem e saltarem sem medo. Porque o corpo é o primeiro território de liberdade e cuidar dele é cuidar da autoestima, da saúde e da história.


Que cada bola chutada, cada passo de dança e cada ginga seja um lembrete de que a infância negra é viva, criativa e dona do seu próprio ritmo.


Com muito carinho,


Simone Aguiar - Diretora na Alma Mater Cosméticos



por Simone Aguiar

Diretora Executiva na Alma Mater Cosméticos





Simone é mãe, avó e farmacêutica, graduada pela UFRGS. Atua no mercado de cosméticos há 40 anos, tendo desenvolvido mais de 100 formulações comerciais ao longo de sua carreira como consultora e colaboradora em grandes empresas como Biolab Farmacêutica, Body Store, The Body Shop/Natura.



A Linha Meu Crespinho Baby nasceu com esse mesmo espírito: cuidar, nutrir e fortalecer. Porque corpo e cabelo também dançam e toda criança merece se sentir bonita, livre e confiante, dentro e fora das telas.


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